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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Crítica / Qualidade em foco


Marcela Benvegnu

A primeira grande diferença entre os musicais “My Fair Lady” e “Os Produtores”, que estão em cartaz em São Paulo, está logo de cara do espaço. “My Fair Lady” está sendo apresentado do Teatro Alfa, e que o diga Jorge Takla, — o produtor da montagem — um teatro acostumado a receber grandes espetáculos, principalmente do gênero dos musicais, enquanto “Os Produtores”, acaba de estrear no Tom Brasil, uma casa de shows, na qual você é obrigado a assistir ao espetáculo torto em uma cadeira, sendo que a visão é totalmente comprometida pelo andar dos garçons — estes que na hora de pagar a conta, não trazem o seu troco.

Mas isso são meros detalhes — que fazem uma grande diferença — quando a grande reflexão sobre o nicho dos musicais paulistas está mesmo na qualidade, dos cenários, figurinos, iluminação, cantores, atores, e, sobretudo, bailarinos. Apesar de “My Fair Lady” não ser um musical com muitos números coreográficos eles apresentam uma certa sintonia com o espaço e estão bem ensaiados, poderiam ser mais vibrantes, mas... Em “Os Produtores”, apesar de os currículos dos bailarinos serem recheados de outros musicais, cursos e até apresentações internacionais, quando o assunto é sapatear, a coisa se complica.

Não adianta somente o pé da bailarina da frente estar igual à de trás, se o som que ela emite é completamente diferente da proposta coreográfica. Ensaio, limpeza e muita técnica seriam ingredientes que poderiam melhorar o trabalho da montagem, que revela uma linda (por natureza) Juliana Paes e um surpreendente Vladimir Brichta. Em “My Fair Lady”, vale prestar atenção nas quase três horas de espetáculo sem piscar os olhos. A beleza plástica é tão grande, que é difícil se prender aos detalhes. A sintonia entre Daniel Boaventura (Professor Higgins) e Amanda Acosta (Elisa Doolittle) é tão grande que chega a impressionar. A troca dos cenários é feita de um modo muito sutil, o microfone dos intérpretes é quase imperceptível — provavelmente esteja acoplado às perucas —, a iluminação poderia ter o nome de desenho de luz, os figurinos de Fábio Namatame são mais bonitos que os originais, e a regência de Vânia Pajares é digna de reverência.

Não se pode explicar tudo. Para esta montagem a palavra de ordem é assistir.Antes que o espaço termine, impossível não falar dos programas dos espetáculos. Ambos tem valor de R$ 20 e merecem ser adquiridos no hall do teatro ou casa de show. O programa de “Os Produtores” faz jus a montagem e é um material bem produzido. O de “My Fair Lady” é um verdadeiro livro. Branco, de capa dura e além da boa produção de imagens, o material conta com um histórico completo dos “criadores” do musical, como George Bernard Shaw, Alan Jay Lerner e Frederick Loewe, e da história da montagem. Vale o preço.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

"Os Produtores" em São Paulo


Marcela Benvegnu

Um dos musicais de maior sucesso na história da Broadway, “Os Produtores” (“The Producers”), de Mel Brooks e Thomas Meehan, finalmente chegou aos palcos de São Paulo em clima de superprodução. O Tom Brasil foi reformado para receber o musical, que tem mais de dez diferentes tipos de cenários, 350 figurinos, 60 perucas, uma orquestra de 11 músicos, equipe de 80 pessoas e um elenco de 25 atores tendo à frente Miguel Falabella — diretor do espetáculo —, Juliana Paes e Vladimir Brichta.

O musical, que estreou no último sábado e teve platéia recheada de figurinhas carimbadas da Globo, se passa em 1959, em Nova York. O produtor Max Bialystock (Falabella) amarga seu último fracasso no teatro quando chega em seu escritório um contador tímido e um tanto nervoso, Leo Bloom (Brichta), para revisar a contabilidade. Sem querer, Leo descobre que um produtor pode ganhar mais dinheiro com um fracasso do que com um sucesso.A dupla então se dedica a encontrar a pior obra jamais escrita, conseguir o mais desastroso diretor de teatro e produzir o maior fracasso da história.

A eles junta-se Ulla (Juliana Paes), uma dançarina sueca que conquista seu espaço com algum talento e belas pernas. No entanto, nem tudo sai como planejado: a obra resulta num sucesso, o golpe é descoberto e ambos são presos. Mas o que parece o fim acaba virando um novo começo. Após saírem da prisão, Max e Leo voltam à Broadway com o musical “Prisioneiros do Amor”. Desta vez, porém, a idéia é fazer sucesso e a peça é um recomeço para os dois.

A versão nacional de “The Producers” para os palcos brasileiros contou com direção coreográfica de Chet Walker — renomado coreógrafo da Broadway, que participou das montagens de espetáculos como “Fosse”, “Sweet Charity”, “Chicago” e “A Gaiola das Loucas”. Os ensaios duraram dois meses e meio, com oito horas de trabalho diárias, incluindo aulas de dança, canto e interpretação. “The Producers” foi apresentado ao público originalmente como um filme — “Primavera para Hitler” (1968) — e foi dirigido por seu próprio autor. Na Broadway o espetáculo estreou em 2002, ficou cinco anos em cartaz e foi a peça que mais ganhou prêmios em toda a história dos musicais.

PARA VER — “Os Produtores”. Até o dia 25 de novembro, de sexta a domingo. Às sextas-feiras, às 21h30, sábados, às 17h e 22h e domingos, 18h, no Tom Brasil-Nações Unidas (av. Bragança Paulista, 1281). Ingressos custam de R$ 70 a R$ 200.

Thank you, Dance!

by Judy Smith "