Marcela Benvegnu
São Paulo é a Nova York brasileira quando se fala em musicais, ainda mais quando se trata de “West Side Story”, o espetáculo que revolucionou a Broadway quando foi montado pela primeira vez em 1957. Com direção, produção, iluminação e cenografia de Jorge Takla, a montagem que estreou ontem, no Teatro Alfa em São Paulo, conta com a participação de três piracicabanos: Mariana Barros, 28, como bailarina; Felipe Secamilli, 25, como violinista da orquestra, e Francarlos Reis, como um dos protagonistas.
Ambientado em Manhattan nos anos 60, “West Side Story” conta uma história de amor. Trata-se de uma adaptação moderna de “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, que nasce em meio à rivalidade de duas gangues de rua — os Jets (nascidos americanos) e os Sharks (imigrantes porto-riquenhos) —, que lutam pelo domínio do bairro. Em meio a tanta incompreensão, Tony, um dos fundadores dos Jets, se apaixona por Maria, a irmã de Bernardo, comandante dos Sharks.
O espetáculo retrata os conflitos de uma juventude que crescia embalada ao som do mambo, do rock e inspirada na rebeldia de James Dean.“O musical está simplesmente maravilhoso”, conta Mariana, que em Piracicaba sempre fez aulas na Escola Espaço e Dança, e em São Paulo estava cursando faculdade de cinema. “Eu estava fazendo aulas de musical e resolvi prestar a audição. Foram mais de três meses entre os testes e a audição final. Fiquei muito feliz com o resultado”, diz.
Este é o primeiro musical de Mariana. “Estamos ensaiando desde o dia 2 de janeiro, cerca de nove horas por dia, com uma folga por semana. Fazemos aulas de balé e canto todos os dias antes dos ensaios corridos”, conta a bailarina, que em cena interpreta Pouline, namorada de um Jet. A coreografia original do espetáculo, de Jerome Robbins (1918-1998), é considerada até os dias de hoje a melhor já concebida para um musical. Na versão brasileira, a adaptação coreográfica é assinada por Tânia Nardini e os figurinos são de Fábio Namatame.
A versão musical do espetáculo, traduzida e assinada por Cláudio Botelho, também preza a linha melódica das composições. Botelho traduziu as letras sem perder a tônica das canções americanas. Seu maior desafio foi versão de “Tonight”. A canção exigia uma palavra de duas sílabas para substituir “tonight”, ele encontrou em “você” a chave para manter o ritmo certo e segurar a linha melódica da peça. “O musical é surpreendente e fazer parte dele é um grande privilégio. Estou muito feliz”, revela o violinista.
Reis tem 39 anos de carreira, atuou em 64 peças de teatro, como “Operação Abafa” (2006), de Jandira Martini e Marcos Caruso, com direção de Elias Andreato; “Abajur Lilás” (2002), de Plínio Marcos, com direção de Sérgio Ferrara; “Procura-se um Tenor” (1995), de Ken Ludwig, com direção de Bibi Ferreira; entre outras. Seu último trabalho foi na série de TV Carandiru, na Globo, e no cinema atuou em “Onde Andará Dulce Veiga?”, dirigido por Guilherme de Almeida Prado. Sob direção de Takla, já atuou em “Medéia” (1997), de Eurípides; “Pequenos Burgueses” (1990) e “O Jardim das Cerejeiras” (1982).
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