'Beneditas’ estreou em 1998 e desde 2001 ganhou versão solo pela bailarina Diane Ichimaru:
encontro entre as imagens e o sincretismo religioso
Marcela Benvegnu
O corpo da bailarina Diane Ichimaru, da Confraria da Dança, de Campinas, serve de suporte para o encontro entre as imagens e o sincretismo religioso de “Beneditas”, coreografia de dança contemporânea que será apresentada hoje, às 20h, no Sesc Piracicaba. O trabalho, que completa dez anos no próximo dia 18 de outubro e nesta remontagem ganha versão solo — antes Diane dividia o palco com a também criadora-intérprete Grácia Navarro —, integra a programação especial da 9ª Bienal Naïfs do Brasil. A entrada é gratuita.
Numa visitação às imagens, capelas, terreiros e sacristias, a bailarina passeia pelo palco, encontrando várias configurações da santidade feminina, como Imaculada Conceição de Maria, Aparecida, padroeira do Brasil, Nossa Senhora do Rosário, Iemanjá, e outras. “A concepção de ‘Beneditas’ foi baseada nas várias configurações que temos de Nossa Senhora e da proximidade do devoto com o Divino. No Brasil essa relação é muito forte. A gente até coloca o santo de castigo, não é mesmo?”, brinca Diane, em entrevista ao Jornal de Piracicaba.
A bailarina conta que sempre teve vontade de apresentar um trabalho com essa temática. “Minhas primeiras relações com encenação surgiram dentro dos ritos religiosos. Desde pequena eu acompanhava as procissões e quermesses, isso há mais de 40 anos. Sou de Bragança Paulista, e no interior do Estado isso é muito forte”, revela Diane. “Essa simbologia, aliada às cores e às encenações me interessaram sempre. Agora aliei a isso outras formas de sincretismo”, pontua.
A primeira versão da obra estreou em 1998. A segunda versão é apresentada pela Confraria da Dança, desde 2001. “Como a Grácia (Navarro) estava super ocupada com as aulas que ministra na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) ela não poderia voltar ao elenco do espetáculo. Aí ela me sugeriu que outra pessoa aprendesse a sua parte, mas achei complicado porque a temática é muito forte, a questão da religiosidade já estava incorporada. Assim sugeri a ela que adaptássemos para um solo. Ela me deu carta branca e fui para a sala de ensaios remontar ‘Beneditas’. Transformei algumas coisas e o trabalho ficou mais sintético”, fala Diane.
Segundo a bailarina, o trabalho corporal desenvolvido na cena é intenso. “A montagem tem duração de 40 minutos. Costumo dizer que os objetos em cena dançam por meio das minhas mãos e do meu corpo. Minha relação com as flores, imagens, tecidos e com a rotunda é grande”, afirma a intérprete.
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