Marcela Benvegnu
Antes de tudo isso não será uma crítica. Isso porque defendo que crítica é crise, quebra de obra em pedaços, e que passa muito (mas muito) longe de gosto ou opinião. (Falaremos muito de crítica, critérios e afins no curso de Redação Crítica de Dança, que eu vou ministrar no 27º Festival de Dança de Joinville, que acontece de 15 a 25 de julho, este ano). Confesso que é mais do que complicado explicar isso para as pessoas. A maioria acha que crítica é opinião. O que falarei em poucos parágrafos abaixo será simplesmente a minha opinião, coisa inédita nesse espaço.
Fui ao Municipal assistir "Tieta do Agreste - O Musical" ontem, dia 7 de março. A minha expectativa era grande. Fiz uma matéria que me movimentou por dentro jornalisticamente ("O Amado Brasil", que está abaixo deste post), uma matéria que eu tive tempo de produzir, pensar, e quando temos isso, de fato, o trabalho fica melhor do que o pá-pum. Depois produzi outro texto sobre os bastidores... figurinos e tal. Tudo bem divertido. Sendo assim, o musical seria para mim o fecho dessa tríade, de ouro.
Eu tinha uma visão privilegiada do palco. Antes das cortinas se abrirem sabia que os desenhos coreográficos poderíam ser vistos (e analisados) com perfeição e que eu iria devorar aquele musical. Estou acostumada a ir em espetáculos em SP, nos últimos anos foram poucos os musicais ou espetáculos de dança de grandes companhias que eu não assisti. E confesso que "Tieta" vindo a mim, na minha cidade, é algo bem mais fácil...
Mas... porém... entretanto, achei o espetáculo lonnnnnnnnnnnnnnnngo, talvez porque a montagem já começou atrasada 40 minutos. Tânia Alves segura o papel título com brilhantismo, assim como Emanuelle Araújo, a verdadeira voz das cenas. Blota Filho está impagável, sua voz cativa o público e quando ele troca de personagem nos faz parar e pensar: "Será que é ele mesmo?". O elenco funciona muito bem... a peça flui e os diretores foram felizes.
Sem comparações por favor. Mas pensei muito em Charles Muller e Claudio Botelho, que são conhecidos adaptadores de musicais... Pensei em Batah Chamma, em Tania Nardini, coreógrafas de musicais... Isso porque estamos acostumados com essas montagens "broadway", e a diretora de Tieta (Christina Trevisan) foi clara quando disse que de Broadway eles só tinham o padrão de qualidade. Figurinos, cenários, trocas de roupa, microfonia. OK. Tudo muito bom mesmo. Acredito que Piracicaba nunca tenha visto algo semelhante, ainda com música ao vivo. Os músicos eram ótimos. CLAP! CLAP! CLAP! Mas falta dança. Se aquilo é tão brasileiro como é intitulado e o brasileiro é um povo que faz festa mesmo quando seu time fica em segundo lugar... acho que faltou movimento.
(Vale lembrar que isso é uma opinião e não uma crítica, e se fosse crítica ela teria outro tom e outra forma de colocação, talvez algo do tipo: "Rosely Fiorelli, a coreógrafa, poderia ter mostrado mais pelos corpos que tinha em cena ...", porque é crítica, e não opinião. E CRÍTICA NÃO é GOSTO. E aqui estou publicando o meu gosto).
Não que eu estou defendendo a minha área, mas às vezes a palavra não dá conta de dominar o palco sozinha. A inciativa de criar um musical brasileiro é fantástica. Dá a chance de mais pessoas terem a oportunidade de entrar em contato com essa forma de arte e nos educa para um outro olhar. Confesso que preciso ver mais musicais brasileiros, para ver as tendências, ou mesmo a relação corpo-palavra. Tomara que eles produzam mais. Não é simples tirar do corpo a referência que você já tem... por isso como o trabalho é "brasileiro" não podemos e nem devemos criar comparações.
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Um comentário:
Marcela: de fato penso que por ser um musical de um escritor brasileiro já merece aplausos e vamos torcer para que possamos ver mais musicais de atores brasileiros e mais musicais aqui em Piracicaba! Gosto de ler a opinião de vários profissionais da área da Cultura para poder conhecer melhor o trabalho desenvolvido na peça! Valeu!
Fratern@l Abraço
Ana Marly de Oliveira Jacobino
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