Instalações criam ambientes que redimensionam e reorganizam as possibilidades corporais
Crédito: Rogério Ortiz
Crédito: Rogério Ortiz
Marcela Benvegnu
Em continuidade à linha de pesquisa começada em 2003 com “Corpo-Instalação”, a coreógrafa e bailarina Vera Sala optou agora por uma nova proposta coreográfica intitulada “Pequenos Fragmentos de Mortes Invisíveis”, que pode ser vista até domingo, no Sesc Ipiranga, em São Paulo. A instalação, que foi contemplada pelo Programa Municipal de Fomento à Dança — 4ª edição, é parte do conceito de que um corpo só pode ser compreendido no ambiente em que vive e das relações e conexões que nele estabelece. A entrada é gratuita.
No trabalho, a bailarina e pesquisadora se propõe, por meio de suas instalações, a criar ambientes que redimensionem e reorganizem as possibilidades corporais. “É um espaço que se afeta continuamente por ser um espaço de relações que se alteram no fluxo de tempo”, explica Vera. “A instalação não deve ser encarada como um espetáculo. São organizações diferentes dessa pesquisa, onde uma determinada formulação adquire uma estabilidade para ser apresentada. É uma estabilidade temporária. A diferença do presente trabalho se encontra na formulação do ambiente criado”.
“Pequenos Fragmentos de Mortes Invisíveis” possui um caráter de obra em constante construção. De acordo com Vera, “a cada vez que alguém visitar a instalação, não verá exatamente as mesmas coisas. Ainda assim, existem qualidades de corpo e questões que permanecem”. Uma destas questões é o corpo esvaziado, foco da pesquisa. “É um esvaziamento pelo excesso. As diferentes formas de violência, implícitas e explícitas, esvaziam a ação do corpo”, afirma.
A cenografia, criada pelo arquiteto Hideki Matsuka, é composta por torres metálicas e semitransparentes, que criam uma espécie de labirinto de ilusões ópticas, com imagens que aparecem, somem e se reproduzem. “O público vai ocupar o mesmo espaço, não há uma separação de platéia. O espectador pode circular, escolher de onde quer observar o ambiente. Você não se senta simplesmente para receber uma informação, mas tem que estabelecer relações e conexões dentro daquele ambiente para poder usufruir daquilo”, afirma Vera.
O espaço cênico é complementado por uma instalação sonora, criada por Daniel Fagundes, e projeções de vídeo. Sons pré-gravados se misturam a ruídos captados ao vivo, todos reeditados por computador no próprio momento da performance. A sonoridade, dessa forma, modifica-se a cada dia: os microfones, pendurados no teto, captam sons do movimento do público e dos bailarinos. Quanto aos elementos pré-gravados, suas entradas são aleatórias e construídas na hora da ação.
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