Marcela Benvegnu
O público que lotou o Teatro da Dança (TD), em São Paulo, na última segunda-feira recebeu de presente uma noite de gala. No palco, alguns dos melhores intérpretes da dança brasileira, e na primeira fila da platéia, a grande responsável por tão significativos trabalhos: a coreógrafa Ivonice Satie, que marcou a história da dança brasileira por dirigir grandes companhias, criar coreografias de excelência e, sobretudo, revelar grandes talentos. “Para Ivonice Satie” foi um espetáculo marcante, daqueles que só se faz parte de vez em quando.
A classe artística compareceu em peso na “festa” — não é sempre que se vê o TD lotado. Curadores de festivais, diretores das maiores companhias dos país, grandes bailarinos, críticos e artistas se uniram para aplaudir Ivonice. Entre os trabalhos apresentados estava “Shogum”, uma das mais importantes criações da coreógrafa, que foi interpretado por Flávio Everton da Conceição e Jefferson Damasceno, da Cia. de Dança de São José dos Campos — Fundação Cassiano Ricardo.“Cuida de Mim”, trecho do espetáculo “Grito Verde”, que Ivonice coreografou para a Cia. de Dança do Amazonas — a qual dirigiu por quatro anos — foi uma bela surpresa para aqueles que ainda não conheciam a coreografia. Ao som de “Seresta”, de José Eduardo Gamani, os intérpretes Fernanda Bueno e Elizandro Carneiro, ex-bailarinos da companhia amazonense e atualmente da Cia. Borelli, mostraram a força poética do trabalho e consequentemente a linguagem de Ivonice, que tem um estilo coreográfico reconhecível.
Além destes, “Quixotes do Amanhã”, com a Cia. de Danças de Diadema — fundada por Ivonice —; “O Cisne”, com Beto Regina; “Valsa Sem Nome”, interpretada por Andrea Tomioka e Israel Alves; “Por...Que”, executada por bailarinos da Cisne Negro Cia. de Dança; “Frágil”, com o Balé da Cidade de São Paulo, e “Saga”, com a Companhia Sociedade Masculina. Ah! “Parole, Parole” (???), de Anselmo Zolla e Ivonice também foi apresentada.
VIDA — Entre todos os trabalhos da noite, impossível não ter sido tocado por um em especial: “Ave Maria”, com coreografia, figurino e interpretação do premiado coreógrafo argentino Luis Arrieta. Ao som do segundo movimento da “Sinfonia nº3, op.36” de Henryk Górecki, Arrieta — radicado no Brasil desde 1974 — vestido de calça preta, blusa semi-transparente e um adereço de cabeça negro com algumas plumas, dançou as fragilidades, as fraquezas. Na verdade, Arrieta dançou a vida.
Ovacionada de pé por mais de cinco minutos, Ivonice, emocionada, agradeceu a noite; suas mãos que carregavam flores a impediam de bater palmas, mas o coração serviu de apoio para a mão livre. “Nunca pensei que fosse dedicar quase 50 anos da minha vida à dança. E sabem? Eu faria tudo de novo. Obrigada”, disse. Em coro, a platéia respondeu: “Obrigada você”.
Crédito: Marina Malheiros
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Um comentário:
Nossa que delícia encontrar um blog tão bem escrito sobre dança!! Não sei se vc ainda atualiza, mas passarei aqui novamente pra ler rs Eu sou bailarina, estou terminando jornalismo e estou desenvolvendo como projeto experimental uma revista de dança, por tanto é sempre bom ler textos da área né... Bjos
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