quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Metro quadrado que dança
Marcela Benvegnu
O Festival de Dança de Joinville terminou há pouco mais de 20 dias. Muito se ouviu e leu sobre os grupos premiados, companhias com propostas inovadoras, bailarinos que se revelaram. A mídia deu grande destaque para todos esses assuntos, porém, pouco se leu sobre os bastidores, sobre as pessoas que realmente fazem acontecer e, sobretudo, sobre os grandes nomes da dança que passam dias ministrando aulas para uma nova geração.
Eles estão por todos os lados, mas se encontram mesmo nas festas, que acontecem depois da Noite de Abertura, da Noite de Gala, ou da Noite dos Campeões. Esse ano, na celebração pós- Noite de Gala — depois da apresentação do “Dom Quixote”, com a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e os solistas russos — oferecida pelo governador Luiz Henrique da Silveira, alguns desses nomes estiveram presentes.
Nas festas é que se encontra o metro quadrado mais dançante do festival. Isso porque os nomes não vivem soltos por aí. Um exemplo é Tatiana Leskova, 88, figura a parte na história da dança brasileira. Carinhosamente chamada de Dona Tânia, ela anda pelo corredores do Centreventos Cau Hansen como se estivesse em uma Olimpíada. Seus passos rápidos, são assim como sua voz. Ela fala o que pensa, a hora que quer independente se isso agrade ou não às pessoas. Autêntica e divertida. Vale a pena observá-la.
Mais do que acessível é Sylvio Lemgruber, coreógrafo do Dança dos Famosos e do balé do Faustão. Lemgruber prova com poucas palavras que todos podem dançar e que ele faz isso por amor. Nos dois últimos anos ele foi a Joinville para dar aula nos Palcos Abertos, e com o trabalho de popularização em dança, fez uma multidão de fãs e novos adeptos.
Pelo encontro também é possível ver uma Silvia Soter — crítica de dança de O Globo — solta e se deliciando com os hits da banda convidada. Roberto Pereira, crítico do Jornal do Brasil, conversa com um, com outro. Seu olhares não perdem nada. Imprescindível lembrar de Kika Sampaio e Christiane Matallo, uma dupla forte e imbatível do sapateado; Caio Nunes e Fernanda Batah Chamma, com a efervescência do jazzdance; Boris Storojikov e seu balé russo impecável, e outros.
Há dois anos toda a imprensa do festival era convidada para o ‘meeting’. Desde o ano passado o encontro passa perto do segredo. Convidados fingem que não são convidados. Quem sabe da festa e não foi convidado, finge que ela não acontece. Inexplicável essa seleção mais do que seleta. Vale dizer que em anos anteriores a ‘nata da dança’ comparecia em mais peso, porém, mesmo com esses percalços, o reduto de convidados ainda torna o evento o metro quadrado mais dançante (e importante) do país.
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