terça-feira, 24 de março de 2009
Cia. Druw apresenta ‘Corpoético’ no Municipal
Marcela Benvegnu
Em cena, o corpo é levado pelo jogo do acaso estruturando um estado de plena composição lírica. A movimentação cria ambientes, situações, imagens e dinâmicas baseadas nas poesias. Na união de todos esses contornos instala-se “Corpoético”, espetáculo de dança contemporânea da Companhia Druw, de São Paulo, que sobe ao palco do Teatro Municipal “Dr. Losso Netto”, hoje, às 20h. Antes, às 10h, na Sala 2 do Municipal, o grupo ministra um workshop. As entradas para as atividades são gratuitas.
Com direção da consagrada Miriam Druwe, a coreografia busca a linguagem poética no corpo que dança. “É a busca de um estado de prazer pleno em brincar com a construção da palavra corporal, guiado por simples impulsos”, fala Miriam. “Todas as nossas emoções e vivências ficam registradas no nosso corpo e refletem no outro uma experiência. Essas relações nos permitem criar imagens internas. É como se eu estivesse tranqüila por fora e fosse invadida por um turbilhão de pensamentos. Chamo esse processo de dinâmicas internas, que variam de um estado para o outro. O trabalho foca isso”, aponta a coreógrafa.
A montagem, que também usa recursos multimídia, permite que o público possa ter a experiência de olhar o corpo de diferentes ângulos. “Temos algumas projeções e em alguns momentos filmamos partes do nosso próprio corpo. São cenas que o público não vê. Estados desse corpo que dança. Uma outra história com todas as suas possibilidades”, fala Miriam.
O trabalho reflete também de forma lúdica e divertida sobre a questão do corpo feminino que se sujeita aos rigores de uma moda que o afasta cada vez mais de sua essência e vive o caos de querer ser outro corpo. “O cabelo que se pinta, alisa, enrola. Os seios que crescem, as rugas do tempo, o aumento do peso, ou seja, um corpo perdido de sua autêntica poesia”, completa a coreógrafa que divide o palco com Adriana Guidotte e Tatiana Guimarães.
Inspirado em “Corpo-Tempo-Espaço”, de Cecília Meirelles, e “Necrologia dos Desiludidos de Amor”, de Carlos Drummond de Andrade, “Corpoético” é um trabalho de 2006, que retornou aos palcos no ano passado. “Montei em 2006 logo depois de ter meu segundo filho. O tive com 40 anos e tenho uma menina de 19 anos. Sempre achei que teria outro filho. Era uma sensação. ‘Corpoético’ trabalha essas sensações que se instalam no nosso corpo e vão sendo transformadas com o tempo”, fala Miriam. “Agora somos os mesmos corpos em cena, modificados pelas nossas imagens, pelo tempo e por outros registros. É interessante vivenciar isso novamente”, revela Miriam.
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WORKSHOP — Expansão do Movimento com Cia Druw é o nome do workshop que o grupo ministra hoje, às 10h, na Sala 2 do Municipal. O objetivo da aula é possibilitar ao corpo que ele desenvolva qualidades de movimentos que contribuam de forma efetiva na formação do bailarino intérprete-criador. A estrutura é baseada em estudos práticos da arquitetura desse corpo em movimento, no tempo e no espaço, de forma a ampliar o repertório do bailarino. “O estudo técnico aqui se refere às possíveis evoluções que esse corpo seja capaz de executar de forma segura e consciente, ampliando seu domínio e potencializando sua expansão”, fala a coreógrafa.
COREÓGRAFA — Miriam Druwe é uma importante coreógrafa da cena contemporânea brasileira. Integrou como intérprete algumas das principais companhias nacionais, como o Balé da Cidade de São Paulo, Cisne Negro Cia. de Dança, República da Dança e Cia.Terceira Dança. Trabalhou com coreógrafos de renome como Luiz Arrieta, Ana Mondini, Vitor Navarro, Vasco Wellemcamp, Gigi Caciulenou e Phillip Tallard. Participou como intérprete dos espetáculos “Mucho Corazon”, “Alma em Fogo” e “O Bailado do Deus Morto”, de José Possi Neto, e coordenou diversos projetos na área de dança e literatura. Já coreografou para a Distrito Cia. de Dança, de Ribeirão Preto; Cia Stacatto, de São Caetano, entre outras
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Um comentário:
o corpo sendo trabalhado pelo tempo...A dança instaura no corpo uma outra forma poética de exprimir o mundo. parabéns pelo artigo, Marcelinha!
Fratern@l Abraço
Ana Marly de OLiveira Jacobino
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