Foram oito dias de competição. Dez de apresentações. Muitas coreografias, muitos coreógrafos, muita gente pensando e fazendo dança. De fato a cidade do “avião” tem asas nos pés.
Foi ontem que o palco pegou fogo. A noite começou com o gênero estilo livre conjunto avançado e as meninas do Studio de Dança Gláucia Lacerda, de Santos, mostraram um forró “bomd+”. Além de expressivas o conjunto estava muito bem ensaiado.
O grupo Releve de Caieras, de Caieras, São Paulo fez do palco uma extensão do Pelourinho, quando apresentou “Batuque”, de Gaby Marques. Além de bem estruturada musicalmente, (a coreografia levou instrumentos percussivos para a cena com tambores e latas) o elenco era afinado.
Na dança contemporânea conjunto avançado o Grupo Viva Arte, de Valinhos, São Paulo, mostrou um trabalho totalmente baseado e estruturado em cima dos focos de luz assinado por Ruben Terranova. O primeiro Movimento Lina Penteado, com “Pequenas Percepções”, de Karina Almeida trouxe um pouco de poesia e qualidade de movimento. Os seis intérpretes eram fortes e a simbologia da flor (objeto cênico) trouxe a dramaturgia necessária para a obra.
Quem arrebatou toda a platéia foi novamente Arilton Assunção, com o seu Faces Ocultas Cia de Dança, de Salto, São Paulo. “Proparoxítona” é de uma beleza tão grande, de uma sincronia tão vivaz que fica difícil traduzir. Primeiro lugar em 2009, impossível não reconhecer que o grupo está cada vez melhor. Os 18 intérpretes em cena mostravam a combinação da força com a delicadeza do gesto. É para guardar na retina dos olhos e lembrar quando quisermos ter um bom trabalho em mente.
No jazz conjunto avançado a bateria abriu com “Alma Brasileira”, de Brisa Diamante e Monique Paes, pelo Monique Paes Studio de Dança, de Jacareí. Mostraram que o tempo pára sim. Pára para ver dança de qualidade. O Centro de Arte Lílian Gumiero, de Suzano, São Paulo, apresentou “Hairspray”: trabalho fiel ao original e bem colocado.
O Ballet Ana Araújo, de São José dos Campos, São Paulo, apresentou “Cinética”, de Ana Araújo. Um bom trabalho de conjunto, com uma projeção muito bem feita. E a Companhia Independente de Dança de São Paulo, de São Paulo, apresentou “The New Bossa Nova”, de Edson Santos, com casais bem preparados tecnicamente. Um trabalho limpo e bem pesquisado.
Vale rememorar. Foram-se os dias. A dança aconteceu e reinou na cidade. Ficam na memória trabalhos como o pas de deux de “Paquita”, de Marius Petipa interpretado por Paula Alves e Welber Pacheco (Especial Academia de Ballet | São Paulo), “Auroras”, sapateado de Bruna Miragaia pelo Monique Paes Studio de Dança (Jacareí), a variação de La Fille Mal Gardée, com Fernanda Soares, do Ballet Elisa (São Bernardo do Campo), “Anton”, de Ricardo Scheir, pelo Pavilhão D; “Hip Hop Our Root”, de Henry Camargo, para a Cia de Dança Kahal, de Jundiaí.
Poderíamos listar aqui tantos outros que passaram pelo palco do 21º Festidança... Que fique a lembrança e a memória de que vale a pena fazer dança independente de colocação, independente da forma como o outro acha que a sua dança poderia ser feita. Que a próxima edição seja tão boa quanto esta. Que quando as cortinas se abrirem hoje, os aplausos sejam para ela: Roseli Rodrigues, que agora faz dança em outro lugar. “Tango Sob Dois Olhares”, merece ser visto e aplaudido de pé. Por ela, para ela.
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