Marcela Benvegnu
Foi o conto “A Terceira Margem do Rio”, do mineiro Guimarães Rosa, que serviu de inspiração para o talentoso Renato Vieira – que está completando 35 anos de carreira este ano - criar, “Terceira Margem”, coreografia que foi apresentada na noite de sábado, na Mostra de Dança Contemporânea do Festival de Dança de Joinville, pela Renato Vieira Companhia de Dança, do Rio de Janeiro.
Contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna, o trabalho tem a luz como fio condutor do movimento. O design assinado por Binho Schaefer direciona, conversa, oculta e ilumina o bailarino. É a luz quem transforma o ambiente, molda o rio, cria a atmosfera de um silêncio que se perde no movimento e permite que tudo aconteça em um lugar onde não é lugar e onde um homem embarcou em uma canoa que ele mesmo construiu.
A movimentação é plástica e revela formas interessantes de explorar o corpo, assim como os figurinos assinados por Desirée Bastos e os espaços do cenário idealizado por Sergio Marimba. De um lado do palco uma parede negra - que em uma determinada cena serve de chão para os bailarinos - com quatro luzes embutidas fecha as coxias, de outro, o espaço vazio e ao fundo da caixa preta, cinco portas, sendo uma de cada tamanho por onde os bailarinos aparecem e desaparecem de cena.
A cada entrada uma surpresa. A cada mudança de luz, um novo movimento feito pela trupe formada por Alex Senna, Soraya Bastos, Jean Gama, Laura Ávila e Thiago Sancho, que dançam sim em alguns momentos, “sua própria margem”, ao som de composições de Keith Jarret e Miles Davis, na trilha sonora montada por Nino Carlo.
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