terça-feira, 31 de julho de 2007
Poética do espaço
Marcela Benvegnu
Baseado em fatos e sonhos reais. Assim é o inteligente “Isadora.Orb, A Metáfora Final”, apresentado por Andrea Jabor e Rick Seabra, do Rio de Janeiro, no Teatro Juarez Machado na primeira noite da Mostra de Dança Contemporânea. O trabalho, fruto da tese de mestrado em desenho industrial de Seabra, na qual ele propõe a criação de um módulo espacial (The Isadora Module) para abrigar artistas a bordo da Estação Espacial Internacional, vai muito além de um trabalho de dança, teatro ou narrativa. Enquanto o público ainda se acomoda no teatro, a canção, “Cheek to Cheek”, de Fred Astaire, deixa implícito que tudo o que se sonha pode ser possível no espaço. De um lado do palco, Andrea comanda o som, e de outro, Seabra cria o videografismo por meio de câmeras dispostas em lugares estratégicos na cena. Um diálogo perfeito entre vários corpos, imagens e movimentos se forma ao vivo no espaço.
O Módulo Isadora: Um estudo Multifuncional para Artes na Estação Espacial Internacional é mesmo uma idéia brilhante. Ricky e Andréa não somente criam novos espaços, mas os preenchem com dança e vídeo. Eles “vão para o alto e avante” como se propõem e deixam clara a liberdade de Isadora (por conta da bailarina Isadora Duncan) em órbita.
Com uma câmera e um aparato de editores de imagens, Seabra constrói com Andrea um espetáculo que passeia por diferentes apoios na dança - como cotovelos e cabeça - e também por imagens de Picasso, Kandinsky e outros artistas, que se moldam ao corpo e ao figurino da intérprete durante a execução.
A grande poética da pesquisa não aparece em somente um trecho da montagem, ela é e está no todo. Pode ser encontrada nos pequenos textos que aparecem nas projeções, na delicadeza em que uma espaçonave ou mesmo um foguete comandado por Seabra sai pela tela e ganha o mundo, na primeira canção escrita no espaço pelo cosmonauta Yuri Romanenko, na movimentação de Andrea, na réplica da única obra de arte que existe na Lua e em diversos outros momentos. Se depender de Isadora.Orb, a arte como uma ferramenta para a ocupação do homem no universo já é totalmente possível.
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