Marcela Benvegnu
Sonho, em seu sentido etimológico é um conjunto de idéias, imagens, fantasia, visão e aspiração; um substantivo perfeito para definir a Noite de Gala do 25º Festival de Dança de Joinville, que em 2007 completa seu Jubileu de Prata, com cara de ouro. A noite foi de estrelas de primeira grandeza, que marcaram o palco do festival em sua história e hoje levam a dança brasileira para o mundo.
Digirida por João Wlamir, diretor assistente do Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, “Especial 25 anos – Grandes Nomes da Dança” cumpriu seu propósito. Emocionou uma platéia que emudecida, pôde sonhar acordada o filme da vida real de um bailarino.
Ao som do hino do festival, que dispensa apresentações, Cícero Gomes, melhor bailarino da 23ª edição do Festival e solista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, entra pela platéia, vestido com um uniforme de escola balé – esses que os bailarinos andam pela Feira da Sapatilha - para dar início ao espetáculo. A cortina se abre e uma sombra chinesa revela-os se aquecendo. Daí, não se poupam emoções.
Ammanda Rosa e Irlan Santos, considerados os melhores bailarinos do festival no ano passado abriram a noite com “Chamas de Paris”, seguidos de Mariana Dias, solista do corpo de baile do Leipzig Ballet, da Alemanha, acompanhada de seu partner Martin Chaix com “Au’ Revoir à L’Amour”, de Chaix; Fernanda Oliveira, que hoje é bailarina principal do English Nacional Ballet, de Londres e Fabian Raimair, executaram “Perpetuum Mobile”, de Christopher Hampson, ao som de Sebastian Bach.
Para fechar a primeira parte do programa, a suíte de “O Corsário”, com “Le Jardim Animée”, ficou a cargo da Escola Estadual de Danças Maria Olenewa e o grand pas-de-deux foi intepretado por Márcia Jacqueline (primeira bailarina do Theatro Municipal do RJ) e Bruno Rocha, solista do Het Nacionale Ballet, de Amsterdam.
A hora do intervalo, não valeu somente para a platéia. Ele também aconteceu no palco. Pela sombra chinesa era possível ver Gomes, que tem diversas entradas durante o espetáculo com o hino do festival executado ao piano, se maquiando; o palco sendo limpo e montado pela técnica. É a dança da rotina, que recomeça quando Gomes executa a variação do Bobo da Corte de, “O Lago dos Cisnes”.
Em “LAC”, um pas-de-deux, que também faz referência à “O Lago dos Cisnes”, na releitura de Sandro Borelli, os bailarinos Andrea Thomioka e Israel Alves, ambos do Balé da Cidade de São Paulo, revelam a dança contemporânea ao espectador. E em noite de festa, a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil não poderia deixar de estar. Eles apresentaram, “Dança Russa” (de “O Quebra-Nozes), com Carla Braum, Denise Hoefle e Erick Swolkin.
Rodrigo Guzmán e Andreza Randisek, primeiros bailarinos do Balé de Santiago, do Chile trouxeram a suíte de “A Megera Domada” ao palco, antecedendo o pas-de-deux de, “Adão e Eva”, em “A Criação” – interpretado na íntegra pelo Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na abertura do Festival do ano passado – com coreografia de Uwe Scholz, por Mariana e Chaix.
A consagração atinge o ápice com William Pedro, solista do Béjart Ballet Lausanne, na Suíça, em “Und So Weiter”, de Maurice Béjart e com Vitor Luiz e a impecável Cecília Kerche, ambos primeiros bailarinos do Municipal do RJ, na suíte de “Dom Quixote”. É inegável dizer que dançar no palco do Festival de Dança de Joinville é um sonho realizado para centenas de bailarinos que passaram aqui durante esses 25 anos. Hoje, voltar como convidado em uma data tão especial é a pura consagração.
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