sábado, 24 de outubro de 2009

São Paulo Cia. de Dança estreia Passanoite

A Companhia estreia duas coreografias Passanoite, criação inédita da brasileira Daniela Cardim, apresentada com execução musical ao vivo do grupo Quintal Brasileiro, e Polígono Revisitado, do italiano Alessio Silvestrin. Completa o programa Gnawa, coreografia de Nacho Duato.

Direção: Iracity Cardoso e Inês Bogéa

Passanoite, de Daniela Cardim: música para ver / Foto: Reginaldo Azevedo


PASSANOITE
Reiterando sua proposta de congregar nomes consagrados e novos talentos, a São Paulo Companhia de Dança recebe, no segundo semestre de 2009, mais uma obra em seu repertório. A artista convidada a criar uma peça especialmente para a Companhia é a brasileira Daniela Cardim. Seu currículo inclui atuação destacada no Balé Nacional da Holanda, onde ingressou há uma década e sua pesquisa coreográfica busca novos limites para a técnica clássica.

Passanoite, que tem figurinos assinados por Ronaldo Fraga, é uma coreografia de construção profundamente musical, ligada estruturalmente às criações que o Quintal Brasileiro executa. Quintal Brasileiro é um quinteto de cordas cuja proposta é diluir as fronteiras entre a música instrumental brasileira e a música erudita. Formado por musicistas que atuam em importantes orquestras brasileiras, interpreta um repertório que evidencia uma abrangente pesquisa dedicada à produção brasileira contemporânea e que contempla compositores como André Mehmari, Mário Manga, Hermelino Neder e Marcelo Petraglia, autores das músicas deste espetáculo.

Carioca nascida em 1974, Daniela Cardim foi solista do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Yu Lin, sua primeira coreografia, feita em 1994, ganhou o quarto prêmio na XI Mostra de Novos Coreógrafos no Rio de Janeiro e desde então suas criações vêm recebendo crescente atenção. Foi selecionada pelo New York Choreographic Institute, ligado ao New York City Ballet e dirigido por Peter Martins, para coreografar para a School of American Ballet. A mais recente criação de Cardim estreou no Balé Nacional da Holanda em abril de 2009.


POLÍGONO REVISITADO
Também alinhada com a proposta da São Paulo Companhia de Dança de abordar o repertório da dança num espectro amplo, Polígono Revisitado une o rigor clássico e a linguagem contemporânea.

A criação do italiano Alessio Silvestrin foi elaborada a partir da Oferenda Musical de Johann Sebastian Bach revisitada pelo grupo belga Het Collectief, exemplificando nos movimentos a estrutura da música. Assim como na construção contrapontística da música, a criação coreográfica elabora motivos que são enunciados e retomados pelos muitos corpos dançantes, em tempos e configurações variadas.

A coreografia apresentada nesta montagem é uma versão reduzida e alterada daquela apresentada em 2008, na estreia da Companhia. Dos 60 minutos iniciais, a obra está mais enxuta, com 30 minutos, e suas partes se articulam por contrastes mais claros. Início e fim dialogam como antes, porém, o meio aumenta o ritmo multifacetado da obra: duos cortam a cena e são interrompidos por luzes que se apagam ou painéis que os ocultam. O Allegro é cortado pela Fuga Canônica, na qual o tempo é suspenso e se completa na figura do fundo da cena. Rever é também reinventar uma obra que se constrói no movimento.

Alessio Silvestrin nasceu em 1973 em Vicenza, Itália. Formou-se pela Académie de Danse Princesse Grace em Monte Carlo e estudou também na École Atelier Rudra Béjart, em Lausanne, Suíça. Já atuou como bailarino e coreógrafo nas companhias de Maurice Béjart, Copenhagen International Ballet, Balé da Ópera Nacional de Lion, sob direção de Yorgos Loukos, e Balé de Frankfurt, sob direção de William Forsythe, entre outros. Silvestrin é também músico e compositor com obras editadas pelo selo Edizioni Arca Musica. Desde 2003 reside no Japão como artista independente.


GNAWA
A obra que completa o programa, Gnawa, presente em repertório desde março de 2009, é de autoria do consagrado criador Nacho Duato e é inspirada no universo étnico e religioso de uma confraria mística muçulmana do norte da África. De origem sub-saariana, os gnawa incorporam cantos às suas práticas espirituais, e Duato adotou, como base da coreografia, canções dessa comunidade.

Gnawa dá continuidade à pesquisa iniciada em Mediterranea, que assinala um interesse do artista espanhol pelos ritmos ancestrais da região. Gnawa estreou em 2005, e, como muitas das criações de Duato, busca um equilíbrio entre o clássico e o contemporâneo, como entre o local, o particular (no caso, a cultura mediterrânea) e o universal, as questões simbólicas que renovadamente propõe a arte. Duato nasceu em Valência e começou a dançar aos 18 anos, na Rambert School, em Londres, tendo depois passado pela Mudra School de Maurice Béjart e pelo Alvin Ailey American Dance Centre. Com obras nos repertórios das mais prestigiadas companhias do mundo, recebeu alguns dos mais importantes prêmios e distinções da Europa. É diretor artístico da Compañía Nacional de Danza desde 1990.



A COMPANHIA
A São Paulo Companhia de Dança, que tem como diretoras Iracity Cardoso e Inês Bogéa, foi criada em 2008 pelo Governo do Estado por meio de sua Secretaria da Cultura. A Companhia tem a atribuição de tornar a dança cênica acessível ao grande público, por meio de espetáculos, programas educativos e de formação de platéias. Procura, assim, desenvolver projetos de integração entre a dança e outras áreas do conhecimento, criando espaços para debates e discussões, com vistas ao público acesso à cultura, à formação dos estudantes e ao aperfeiçoamento dos profissionais da dança. Para tanto, a Companhia atua em três vertentes interligadas: Produção de Espetáculos, Programas Educativos e Programas de Registro e Memória.


PARA VER
De 22 a 25 de outubro de 2009 quinta e sábado, 21h sexta, 21h30 domingo, 18h
Setores 1 e 2 - R$60,00 Setores 3 e 4 - R$40,00

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

EU VOLTEI!!!!!!!!!!!!!!!!!

Sostenuto, de Luiz Arrieta, para o Divinadança: bom de ver
Prometo que não vou mais abandonar o blog... A vida mudou muito e eu nem tive tempo de dividir com vcs! Mudou muitooooooooo! Bom.. para quem ainda não sabe estou morando em SP... trabalhando na São Paulo Companhia de Dança. Tudo foi muito rápido, para vcs terem uma noção (leve) nem o gás na minha casa está instalado. Esse blog nunca recebeu textos em primeira pessoa, mas agora, tudo será diferente e nada será como antes (parece música).
Ontem comecei a minha programação de dança na cidade oficialmente. Fui ao TD Teatro de Dança assistir ao Bem Casado, uma junção do Balé da Cidade de Santos, da talentosa Renata Pacheco e do Grupo Divinadança, que tem direção da Andrea Pivatto! Que delícia! Valeu a pena sair de casa no fim de tarde de um domingo nublado.

As meninas do Balé de Santos, acostumadas as sapatilhas de ponta, apareceram descalças e fizeram um tributo a Edith Piaf. O trabalho é bem acabado e bem dançado por um elenco de meninas jovens com média entre 16 e 20 anos. Dá vontade de ver o espetáculo todo, num palco maior... com as 26 do elenco.

Na segunda parte do espetáculo o Divinadança entrou em cena e mostrou uma dança contemporânea de qualidade. O primeiro trabalho Sostenuto, de Luis Arrieta, é um trois muito bem dançando. A peça foi criada para o Balé do Teatro Castro Alves em 2004 e remontado para o Divinadança em 2008, com música de Rachmaninoff. A coreografia mescla sentimentos e sensações como equilíbrio, desequilíbrio, sustentação, apoio. É impedir que se caia, é resistir, escorar, alimentar, prover, estimular.

(Me desculpem, mas o programa não está aqui e terei que ser super direta. Isso não é uma crítica, e passa perto do comentário). O segundo trabalho da noite foi Tempo Escasso, de Gleidson Vigne. A coreografia é ótima. O movimento (e a cena) percorre a cidade grande de SP e a falta de tempo a que o indivíduo se submete (não pela falta mas sim pelo excesso). O tempo não pára. A criação teve como pensamento base trechos de "Nada é Ipossível de Mudar", de Bertold Brecht. A música é muito bem escolhida e editada e, sobretudo, os vídeos. Eles fazem uma espécie de videodança no palco. Bem feita. Engraçada. Vale a pena ver de novo, se der.

Fui....




Thank you, Dance!

by Judy Smith "