Foto: Lenise Pinheiro
Legenda: Iracity Cardoso, diretora artística da SPCD
Criadora do Centro de Dança da Galeria Olido, em São Paulo, e diretora do Ballet Gulbenkian de Portugal de 1996 a 2003 — onde também foi co-diretora (1988-1993) —; Iracity Cardoso dirige a São Paulo Cia. de Dança, com olhares múltiplos. Experiência ela tem. Foi bailarina e assistente de direção do Ballet du Grand Theatre de Genève (1980-1988), além de bailarina do Staats Theather Karlsruhe e do Stadt Theater Bonn, na Alemanha; e do Stadt Theater Marseille, na França. Em entrevista ao
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Como olhar para a companhia pouco mais de um ano depois da sua fundação?
Iracity Cardoso — Olho para trás com bastante orgulho. Vejo o progresso e uma estrutura cada vez mais sólida. Acho que fizemos muitas coisas nesse período. Se pararmos para analisar temos menos de um ano da estréia do primeiro trabalho (Polígono, do italiano Alessio Silvestrin) e desde então não paramos de realizar projetos, como o Corpo a Corpo, o Figuras da Dança, e outros. Nesse período tivemos três obras criadas especialmente para a companhia (Polígono; Ballo, de Ricardo Scheir, e Entreato, de Paulo Caldas) e três obras de repertório (Serenade, de George Balanchine; Les Noces (1923), de Bronislava Nijinska (1891-1972) e Gnawa, de Nacho Duato).
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Todos esses trabalhos apresentam estilos plurais. Como o corpo dos bailarinos reagiu a isso?
Iracity — Para alguns bailarinos esse processo foi realmente difícil por muitos não estarem acostumados com essas diferentes técnicas. O contato com o contemporâneo, esse trabalho no qual o intérprete também colabora com a criação, foi novo para alguns. Nos grandes conjuntos, não somente de Serenade, mas de Les Noces, eles tiveram que se adaptar ao rigor e à disciplina da forma. O diferencial de tantas linguagens é que trouxemos remontadores para cada uma das obras, e temos o cuidado para que todas sejam interpretadas como únicas dentro de sua proposta original, fazendo com que os estilos não se misturem.
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Qual o motivo da escolha de Daniela Cardim (Het Nationale Ballet) para assinar a nova produção da companhia que estréia em outubro, no Teatro Alfa?
Iracity — Daniela é uma bailarina carioca, que está em Amsterdã há muitos anos e já iniciou uma carreira como coreógrafa. Queremos dar oportunidade a esses jovens criadores que estão no exterior. A coreografia ainda não tem título e ela trabalha com os bailarinos nas pontas, com a movimentação contemporânea.