segunda-feira, 24 de setembro de 2007

"Os Produtores" em São Paulo


Marcela Benvegnu

Um dos musicais de maior sucesso na história da Broadway, “Os Produtores” (“The Producers”), de Mel Brooks e Thomas Meehan, finalmente chegou aos palcos de São Paulo em clima de superprodução. O Tom Brasil foi reformado para receber o musical, que tem mais de dez diferentes tipos de cenários, 350 figurinos, 60 perucas, uma orquestra de 11 músicos, equipe de 80 pessoas e um elenco de 25 atores tendo à frente Miguel Falabella — diretor do espetáculo —, Juliana Paes e Vladimir Brichta.

O musical, que estreou no último sábado e teve platéia recheada de figurinhas carimbadas da Globo, se passa em 1959, em Nova York. O produtor Max Bialystock (Falabella) amarga seu último fracasso no teatro quando chega em seu escritório um contador tímido e um tanto nervoso, Leo Bloom (Brichta), para revisar a contabilidade. Sem querer, Leo descobre que um produtor pode ganhar mais dinheiro com um fracasso do que com um sucesso.A dupla então se dedica a encontrar a pior obra jamais escrita, conseguir o mais desastroso diretor de teatro e produzir o maior fracasso da história.

A eles junta-se Ulla (Juliana Paes), uma dançarina sueca que conquista seu espaço com algum talento e belas pernas. No entanto, nem tudo sai como planejado: a obra resulta num sucesso, o golpe é descoberto e ambos são presos. Mas o que parece o fim acaba virando um novo começo. Após saírem da prisão, Max e Leo voltam à Broadway com o musical “Prisioneiros do Amor”. Desta vez, porém, a idéia é fazer sucesso e a peça é um recomeço para os dois.

A versão nacional de “The Producers” para os palcos brasileiros contou com direção coreográfica de Chet Walker — renomado coreógrafo da Broadway, que participou das montagens de espetáculos como “Fosse”, “Sweet Charity”, “Chicago” e “A Gaiola das Loucas”. Os ensaios duraram dois meses e meio, com oito horas de trabalho diárias, incluindo aulas de dança, canto e interpretação. “The Producers” foi apresentado ao público originalmente como um filme — “Primavera para Hitler” (1968) — e foi dirigido por seu próprio autor. Na Broadway o espetáculo estreou em 2002, ficou cinco anos em cartaz e foi a peça que mais ganhou prêmios em toda a história dos musicais.

PARA VER — “Os Produtores”. Até o dia 25 de novembro, de sexta a domingo. Às sextas-feiras, às 21h30, sábados, às 17h e 22h e domingos, 18h, no Tom Brasil-Nações Unidas (av. Bragança Paulista, 1281). Ingressos custam de R$ 70 a R$ 200.

"OP1" estréia Sesi Dança 2007

Marcela Benvegnu

A proposta de “OP1”, coreografia de Lali Krotoszynski pela Cia. Phila 7, que será apresentada hoje e amanhã, às 20h, no projeto Sesi Dança 2007, no Teatro Popular do Sesi Piracicaba é unir corpo, dança, música e tecnologia. O espetáculo é uma experiência cênica que proporciona ao público uma percepção diferenciada que funde ilusão com realidade. A montagem é uma das seis selecionadas para integrar o projeto promovido pela instituição em 12 cidades no Estado. A entrada é gratuita, porém, os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro.Com direção artística de Mirella Brandi, produção de vídeo de Rodrigo Gontijo, música original de Fabio Villas Boas e dramaturgia de Beto Matos, “OP1” tem como cenário um telão, no qual são projetadas diversas imagens captadas por uma câmera panorâmica que capta imagens do corpo em movimento ao vivo. “É uma proposta que experimenta os limites do espaço e da tecnologia no diálogo com o corpo. O trabalho não é só baseado nos movimento do corpo da intérprete, mas sim em sua relação de ilusão com o vídeo”, fala Mirela. Segundo a diretora o trabalho é baseado na optical art, uma tendência iniciada na Europa na década de 60, que opõe-se à harmonia estática da arte contemporânea tradicional, visando inversamente atingir um certo dinamismo que depende, muitas vezes, de estímulos visuais. “Daí o nome OP, que vem de optical art e o número 1, porque este é o nosso primeiro experimento”, explica. A Cia. Phila 7 foi fundada em 2005 com o objetivo de pesquisar novas linguagens e diferentes mídias. Os integrantes do grupo que tem como foco a convergência de linguagens, são profissionais de teatro e cinema. Além de “OP1” — desenvolvido com subsídio do programa Rumos Itaú Cultural Dança 2006 e prêmio estímulo de dança 2005, do Governo do Estado de São Paulo — a Cia. Phila 7 já realizou outras três produções, “Galileu Galilei”, “Play on Earth” e “A Verdade Relativa da Coisa em Si”, que recebeu o Prêmio Funarte de Dramaturgia em 2005.

PROJETO — Até o dia 28 de outubro, seis coreografias participantes do Sesi Dança 2007, circularão por 12 unidades do Sesi. A perspectiva é receber 31 mil pessoas nas 144 apresentações previstas no projeto. Segundo Sônia Azevedo, chefe do setor de Artes Cênicas do Sesi São Paulo, esta edição do projeto apresenta relações inusitadas entre música e corpo, corpo e tecnologia. “Todos os espetáculos primam por sua beleza particular, questionadora da nossa vida de todos os dias”, fala. A próxima apresentação acontece nos dias 29 e 30 de setembro, às 20h, no Sesi Piracicaba, com o espetáculo OPNI — Objeto Poético Não Identificado, de João Paulo Gross

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Crítica / Mané musicado

Marcela Benvegnu

Apesar do atraso de 25 minutos e de um público que não respeitava seus próprios lugares, pois insistia em mover as cadeiras plásticas para frente — o que talvez fosse permitido, pois a organização não se opôs, e quem chegou tarde acabou sentando na frente — “Mané Gostoso”, coreografia de Décio Otero para o Ballet Stagium, com participação ao vivo do Quinteto Violado, que foi apresentada na última quarta-feira no Sesc Piracicaba, é um reflexo do Brasil, onde é possível se deparar com manifestações culturais, encontros e desencontros.

A coreografia nem precisava ser assinada. A gramática impressa nos corpos dos bailarinos denuncia o trabalho do Stagium, que nasceu em 1971, e desde então, trabalha uma movimentação contemporânea particular. “Mané Gostoso” que faz alusão à um brinquedo de madeira nordestino, que tem braços e pernas movimentados por cordões, é um trabalho visual, no qual cenários e figurinos se casam perfeitamente. Em cena, 14 intérpretes revelam um bom preparo físico para a execução coreográfica, que dura 50 minutos, porém, a peça não apresenta grandes dificuldades técnicas.

Os bailarinos acostumados a dançar em palcos diversos, criam outra coreografia para se adaptarem ao palco do Sesc. Muitas trocas rápidas são feitas a olho nu no canto do palco e os adereços de cena — como grandes bancos — acabam compondo à cena. Apesar do pouco espaço nas coxias, a coreografia não fica comprometida e o mais importante é que o público piracicabano tem a chance de assistir à espetáculos de dança de grandes companhias. E esse mérito, impossível, não dar ao Sesc.

Na maioria das vezes, quando grupos e companhias de dança se apresentam com música ao vivo em um teatro, a orquestra ou fica no fosso, ou é colocada ao lado do palco — como se vê muito em musicais. No novo trabalho do Stagium, o Quinteto Violado, ganha lugar de destaque merecido na cena. Os instrumentistas colocados em um palco sobre o palco, são elementos fundamentais para a execução da coreografia. A música nordestina chama o movimento e este se cruza, descruza e por vezes até se desencontra na dança.

O grande homenageado do trabalho, o compositor Luiz Gonzaga, revela um Brasil que dança em qualquer tom. Seja em “Asa Branca”, “Assum Preto”, “P’ronde Tu vai, Luiz?” e “Forró de Mané Vito”, sem o brilhantismo do Quinteto, não seria tão gostoso assistir ao “Mané”.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Em "Mané Gostoso", a dança e a música do Nordeste


Marcela Benvegnu

Genuinamente nacional, o espetáculo “Mané Gostoso”, que será apresentado hoje no Sesc Piracicaba, às 21h, é resultado da união entre as raízes brasileiras interpretadas pela coreografia do Ballet Stagium e pela música do Quinteto Violado. A obra leva o mesmo nome de um brinquedo infantil — que tem as pernas e os braços movimentados por meio de cordões — e propõe uma leitura moderna da cultura popular do Nordeste. A montagem homenageia um dos maiores ícones da música brasileira, o pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989) e comemora os 35 anos do Ballet Stagium e do Quinteto Violado.

“Mané Gostoso” foi coreografado por Décio Otero em 2007 e tem direção teatral da bailarina Marika Gidali, que ao lado de Otero, fundou o Ballet Stagium em 1971. “O Stagium tem um namoro antigo, de mais de 20 anos com o Quinteto Violado. Queríamos muito fazer este espetáculo. Artisticamente é um momento muito feliz para os dois grupos”, conta Marika, recentemente homenageada com o prêmio nacional Jorge Amado de Literatura e Arte e com medalha de ordem do mérito cultural, do Ministério da Cultura, por conta da representatividade de seus trabalhos na área de dança.

Em cena, 14 bailarinos executam coreografias de dança contemporânea, nas quais é possível notar certo virtuosismo — característica reconhecível da companhia — e entrosamento. “O ponto mais atrativo da peça é a energia e a beleza que transmitimos, seja pela música ou pela dança. Estudamos muito o indivíduo nordestino para a composição”, revela Marika. “O resultado são dois grupos que têm a mesma finalidade e buscam o erudito na cultura regional.”

Além da companhia de dança, o Stagium desenvolve projetos voltados à rede de ensino. Entre eles destacam-se, Stagium vai às Escolas, que objetiva a realização de espetáculos temáticos nos espaços escolares; Escolas vão ao Teatro, que proporciona aos alunos idas a teatros para assistirem aos espetáculos do repertório da companhia e o Projeto Joaninha, trabalho no qual a dança é um canal para a descoberta de potencialidades e que ajuda na formação da identidade pessoal e coletiva de quase 300 alunos, entre crianças e adolescentes.

DANÇA MUSICADA — O Quinteto Violado nasceu em Pernambuco e traçou um novo caminho para a MPB desde sua fundação. Diante da indecisão do cenário da música nacional, após a irrupção do movimento tropicalista, o Quinteto apresentou uma proposta fundamentada nos elementos musicais da cultura regional, por meio de trabalhos de pesquisa e da própria vivência de cada um dos seus integrantes. Conseguindo extrair das mais simples manifestações populares à sua essência rítmica e melódica, a trupe criou uma nova concepção, cujo traço fundamental é a interação entre o erudito e o popular.
O Quinteto Violado tem direção musical de Toinho Alves (contrabaixo e voz) e é formado por Dudu Alves (teclado), Marcelo Melo (violão e voz), Roberto Medeiros (percussão e bateria) e Ciano Alves (flauta). Em “Mané Gostoso” o grupo executa “Vida”, de Alves; “Hino da Ceroula”, de Milton Bezerra de Alencar; “Assum Preto”, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga; “Dona Aninha”, de Toinho Alves e Roberto Santana; “Sete Meninas”, de Toinho Alves e Dominguinhos; “P’ronde Tu Vai?” e “Forró de Mané Vito”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.

SERVIÇO — “Mané Gostoso”, com o Ballet Stagium e Quinteto Violado. Hoje, às 21h, no ginásio de eventos do Sesc Piracicaba. Ingressos custam R$ 3 (trabalhador do comércio), R$ 6 (usuários matriculados, estudantes, maiores de 60 anos, menores de 18 anos e professores da rede pública) e R$ 12 (inteira). Data, horário e local foram enviados pelos organizadores. Mais informações: (19) 3434-4022.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Carnaval dos Animais


Marcela Benvegnu

"Carnaval dos Animais" é uma das mais famosas coreografias de Luiz Arrieta, considerado por muitos críticos e especialistas um gênio da dança contemporânea. Apesar de ter sido composta em 2000, a montagem só estreou no ano passado e pode ser vista no palco da Galeria Olido, em São Paulo, hoje, amanhã às 20h e domingo, às 19h. O espetáculo tem duração de uma hora e entrada é gratuita.

“Carnaval dos Animais” trata da explicação do processo da composição da obra coreográfica com música homônima de Camille Saint Saëns (1835-1921), abordando cada parte (ou animal), seguida da apresentação da coreografia completa com figurino, adereços e iluminação. Tudo acompanhado da exposição das fotografias da obra já registradas pelo fotógrafo especializado em dança Antonio Carlos Cardoso — que também é coreógrafo e dirigiu o Balé do Teatro Castro Alvez, em Salvador — , que interpreta o do trabalho do ponto de vista do diafragma.

A divisão do espetáculo é clara. A introdução é a marcha real do leão, seguida de galinhas e galos, hemíones, tartarugas, elefante, canguru, aquário, personagens com longas orelhas, cuco no fundo do bosque, viveiro de aves, pianistas, fósseis, cisne e final.

Arrieta é um nome forte na dança mundial. Apesar de ter nascido na Argentina, foi em terras brasileiras que construiu seu nome e imagem. Foi bailarino de algumas das mais importantes companhias do mundo, como Ballet de Joaquín Pérez Fernández (Buenos Aires), Ballet Stagium, Balé da Cidade de São Paulo, Associação de Ballet do Rio de Janeiro e Hessiches Sttadtheater em Wiesbaden, Alemanha.

Trabalhou com coreógrafos de peso como Víctor Navarro, Oscar Araiz, Sonia Mota, Tatiana Leskova, Décio Otero, Christian Uboldi e Celia Gouveia.Em mais de 100 criações coreográficas trabalha com os mais variados temas e gêneros musicais, junto a diversas companhias do mundo. Entre as principais destacam-se, o Balé da Cidade de São Paulo, Grupo Andança, Cia. de Dança Cisne Negro, Ballet Ópera Paulista, Primeiro Ato, Meia Ponta Cia. de Dança, Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Ballet Teatro Guaíra, Ballet del Teatro San Martín, Ballet Nacional de Cuba, Ballet’s San Juan, Ballet de Grand Thèâtre de Genève e outros.

Balé é coisa de homem


Marcela Benvegnu

Quem disse que balé clássico dançado nas pontas dos pés não é coisa para homens? O Les Ballets Trockadero de Monte Carlo, que o diga. A companhia formada por bailarinos profissionais, masculinos, especializados na gama do repertório clássico e originais do estilo russo, chega a São Paulo, no dia 18 de setembro, para uma única apresentação, às 21h, no Teatro Sérgio Cardoso.

Fundado em 1974 por um grupo de entusiastas da dança clássica, com a finalidade de realizar uma paródia das formas tradicionais do balé clássico de maneira travestida, o Les Ballets é sucesso de crítica e público em todo o mundo.O conceito original do Les Ballets Trockadero de Monte Carlo não foi modificado desde a sua criação.

A comédia é atingida a partir do exagero das circunstâncias da narrativa da dança clássica, dos acidentes e da incongruência das coreografias. O fato de os homens executarem todos os papéis — o peso de um homem equilibrando-se precariamente nas pontas dos pés e pretendendo ser cisne, sílfide, ninfa das águas, princesa romântica e mulher vitoriana — engrandece, ao invés de ridicularizar, o espírito da dança clássica.

No ano passado, após uma temporada que assinalou recordes de venda em Londres, a companhia recebeu o prêmio de excelência em dança pela Associação dos Críticos de Dança de Londres. Em 2007, como resultado do êxito obtido em apresentações em Roma e Milão, a companhia recebeu o cobiçado Massina/Positano Award, em Positano, Itália.

Desde a sua estréia em 1974, a companhia apresentou-se em mais de 30 países e 300 cidades. Atualmente vêm empreendendo temporadas mais longas, incluindo visitas recentes, por várias semanas, a Amsterdam, Barcelona, Berlim, Buenos Aires, Caracas, Colônia, Hamburgo, Lisboa, Lyon, Moscou, Paris, Singapura, Sydney, Viena e Wellington.Artigos publicados em revistas como Variety, Oui, The London Daily Telegraph, assim como um ensaio fotográfico de Richard Avedon para a Vogue, fizeram com que a companhia se tornasse mundialmente conhecida. O que fizeram nos últimos 32 anos é o que os espera no futuro: inovação, comédia e desmistificação de mitos. O balé é mesmo para todos.

PARA VER — Les Ballets Trockadero de Monte Carlo. Dia 18 de setembro, às 21h, no Teatro Sérgio Cardoso. O valor dos ingressos ainda não foi divulgado. Data, local e horário foram enviados pelos organizadores. Mais informações (11) 6163-5087.


Sempre Balanchine

Marcela Benvegnu

George Balanchine (São Petersburgo, 1904 - Nova York, 1983) foi um dos maiores coreógrafos do mundo. Certamente o mais musical e também um dos mais conhecidos internacionalmente. Foi o responsável por dar um toque contemporâneo à dança clássica, que por muitos foi entendido como estilo neoclássico.

Sua dança totalmente nova e ousada para época — em meados de 1924 — foi criada a partir dos estilos dos balés clássicos francês, italiano e russo. Balanchine começou a dançar aos 10 anos e se formou aos 17, pela Escola de Bailado do Estado Soviético.

Estreou como coreógrafo em 1923, com um pequeno grupo de bailarinos entre os quais estava Alexandra Danilova (1903-1997), que posteriormente dançou pelo Marinsky Ballet, Ballets Russes e Ballet Russe de Monte Carlo.

No ano seguinte, durante uma turnê internacional de sua companhia, apelidada de “Os Bailarinos do Estado Russo”, fugiu com os bailarinos para o ocidente. Foi quando ingressaram na Companhia de Sergei Diaghilev (1872-1929) — criador dos Balés Russos — e ele coreografou “La Pastorale”, “Jack in the Box” e “Triumph of Neptune”.

Com a morte de Diaghilev, Balanchine tornou-se o primeiro coreógrafo do Ballet de Monte Carlo e, a convite de Lincoln Kirstein (1907-1996), partiu para os Estados Unidos em 1933, para fundar a Escola de Ballet Americano (School of American Ballet). Desde então, numa sucessão de trabalhos e aventuras que culminou com a fundação do New York City Ballet, Balanchine passou a liderar o bailado na América do Norte, juntamente com Kirstein.

A produção de seus tranalhos ultrapassa 80 obras, sendo que as mais significativas são “Serenade”, “Le Baiser de la Fée”, “Ballet Imperial”, “Night Shadow”, “Theme and Variations” e “Quatro Temperamentos”.Considerado o mestre do bailado abstrato com base de inspiração na música, Balanchine chegou a influenciar coreógrafos como William Dollar, John Taras e Todd Bolender.

Como diretor artístico, além de coreógrafo, menosprezava o cenário e os figurinos — em parte por razões financeiras — em parte devido às suas concepções sobre a relação entre a música e o movimento. Balanchine teve poucos intérpretes homens, deixando o balé principalmente para as mulheres. Suas coreografias sempre mostram movimentos diferentes, com muitas torções de tronco e quadris. Hoje, seus trabalhos são remontados em todo o mundo.

Dança dos quatro cantos


Marcela Benvegnu

Viver da arte da dança, trabalhar com os mais renomados coreógrafos da atualidade e, sobretudo, ser um grande bailarino. Esse é o sonho de vários alunos de escolas de dança brasileiras, que pode se tornar realidade. Prova real poderá ser vista no palco do Teatro Municipal “Dr. Losso Netto”, hoje, às 21h, quando acontece a “Gala Internacional — Um Brinde a Piracicaba”, espetáculo com direção de Camilla Pupa — que em 2007 completa 25 anos de carreira —, que reúne bailarinos das mais importantes companhias de dança do Brasil e exterior, além da Oficina da Dança de Piracicaba. Os ingressos estão esgotados. O evento tem apoio do Jornal de Piracicaba.

Antes da apresentação, às 19h30, acontece no mesmo espaço a entrega do Troféu de Mérito Cultural Fabiano Rodrigues Lozano e das medalhas de Mérito Cultural para personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da cultura piracicabana ao longo do ano. Camilla foi premiada com a medalha Iris Ast, na categoria dança.

Um dos destaques de “Gala Internacional” é o bailarino Denis Piza, que cresceu em Piracicaba e hoje é solista da Companhia Niedersächischen Staats Ballet, de Hannover, Alemanha. Piza poderá ser visto na coreografia de abertura, “Dom Quixote”, com Marcela Lacreta, da Oficina da Dança e no encerramento, em “Corsário”, com Ivy Amista, solista do Bayerisches Staatsballet — Ballet da Ópera de Munique, ambas coreografias de Camilla após Marius Petipa (1822-1910).

Entre os bailarinos ainda destacam-se profissionais do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Grupo Corpo de Belo Horizonte, Camilla Ballet, Miami City Ballet School, Heinz-Bosl-Stiftung-Ballet, Ballet de Monterrey, Pacific Dance Arts, Cia. Theater Philharmonie Thüringen e outros. O que talvez poucos saibam é que esses bailarinos não foram convidados para a apresentação somente por serem talentosos e integrarem grandes companhias. Todos, de forma direta ou indireta, foram alunos de Camilla. “Fiquei muito feliz porque todos atenderam prontamente ao meu convite para dançarem em Piracicaba. Eles estão de férias no Brasil e estão aqui hoje por amor”, fala a diretora, que mora em Piracicaba, tem uma escola de dança (Camilla Ballet) em São Paulo e ministra aulas na Oficina da Dança.

Conhecida no cenário da dança brasileira como uma das maiores exportadoras de talentos, Camilla acredita que a lição mais importante desta noite é mostrar a todos como é possível fazer dança de qualidade e proporcionar emprego aos bailarinos brasileiros. “Nosso bailarinos são muito talentosos e integram as maiores companhias de dança do mundo. A receita disso é um bom profissional, um trabalho bem dirigido e muita disciplina. Desta forma a dança continuará crescendo como arte em todo o mundo.”

REPERTÓRIO — “Gala Internacional” vai além de uma apresentação de dança tradicional. O espetáculo pode ser considerado um convite à história da dança por trazer ao palco alguns dos mais famosos balés de repertório, como “Suíte de Dom Quixote”, “La Bayadére” e “O Corsário”, de Petipa; “Águas Primaveris”, de Asaf Messerer; “Esmeralda”, de Jules Perrot (1810-1892), e “Cisne Negro”, de Lev Ivanov (1950-1980). Além destas coreografias, “Desejo”, de Éder Braz; “Flocos de Neve”, de Tatiana Stamado; “Winds”, do piracicabano André Malosá — que foi bailarino do Le Jeune Ballet de France, em Paris —, “Vortex”, de Alvin Ailey (1931- 1989), e “Who Cares?”, de George Balanchine (1904-1983) completam o programa.

Thank you, Dance!

by Judy Smith "