sexta-feira, 24 de abril de 2009

TAP RELOADED recebe única representante BRASILEIRA

Marcela Benvegnu

Depois de ter ministrado aulas de sapateado com ritmos brasileiros na New York City Dance School of Stuttgart, e na Base Militar dos Estados Unidos, em Stuttgart, na Alemanha, no ano passado, a coreógrafa, sapateadora, cantora e musicista CHRISTIANE MATALLO, foi convidada pelo francês Pascal Hulin, diretor do 3º Tap Reloaded, para integrar o cast de professores desta edição do evento, que acontece a partir do dia 24 de abril, em Sttutgart. Christiane é a única brasileira a participar do festival, que também conta com Fredy Corado (Costa Rita), Chloe Arnold e Jason Samuels Smith (USA), entre outros.

Christiane embarca acompanhada do contrabaixista Gilberto de Syllos, que lhe acompanhará nas aulas e performances. A dupla revela em cena o resultado de uma pesquisa entre dança e música na qual nasceu o espetáculo "da Corda pro Pé" e divulga o CD intitulado "Tap Bass", lançado no ano passado. De Syllos, que é referência mundial no universo internacional do sapateado, também irá tocar para grandes nomes no evento, como o sapateador ganhador do prêmio Emmy Awards, Jason Samuels Smith.

Além das aulas, que serão ministradas na New York City Dance School of Stuttgart, Christiane apresenta dois números na Liederhalle-Hegelsaal Stuttgart. O primeiro é uma homenagem à Bossa Nova. A artista se apresenta ao piano, e mostrará uma performance sem igual: ela é a única artista no mundo que toca saxofone tenor e sapateia simultaneamente.

A outra apresentação será um tributo à Carmen Miranda, na qual entra no palco tocando pandeiro e promove um diálogo com os pés ao ritmo de um samba cadenciado. Na sequência, no sax, apresenta "Mamãe eu Quero" e ao lado de De Syllos, "Taí". Um detalhe: parte da múisica será cantada em alemão. A dupla finaliza a apresentação com a união do baixo elétrico e do sambateado, termo criado por Christiane em 2006, dentro da Escola de Samba Mocidade Alegre, de São Paulo, que significa a união do samba com o sapateado.

Os artistas viajam à Alemanha com apoio do Ministério da Cultura pelo edital nº1/2009 de Intercâmbio e Difusão Cultural com a maior pontuação (25 pontos). A contrapartida da dupla será a oficina, “Relação Corpo e Música na Cultura Brasileira”, que será oferecida a alunos do ensino médio da rede pública da cidade de Campinas, em maio de 2009, com duração de oito (08) horas no ponto de cultura Associação Cultural Boa Companhia (Convênio MinC – Governo Federal / Prefeitura Municipal de Campinas), sediada em Barão Geraldo, Campinas.

Revolucionários da dança


Marcela Benvegnu

Bailarinos que são também acrobatas ou vice-versa, que se fundem a outros ou a materiais inusitados, criando formas surpreendentes. Essas são características da dança contemporânea, exploradas por diversas companhias, porém, entre todas, ninguém as executa de forma tão original quanto o Pilobolus Dance Theatre, até porque, a companhia norte-americana, criada há 38 anos, foi a pioneira no estilo e a grande responsável por uma revolução no cenário da dança moderna. Aqueles que não conhecem o trabalho da trupe, se agendem: a companhia chega ao Brasil em maio.
Eles mostram aqui um programa que reúne cinco de suas principais coreografias, criadas em épocas diferentes da trajetória da companhia (a mais antiga data de 1973 e a mais nova é de 2008). Eles se apresentam nos dias 22, 23 e 24 de maio no Vivo Rio, no Rio de Janeiro; no dia 28 de maio no Teatro Cláudio Santoro, em Brasília; nos dias 30 e 31 de maio no Via Funchal, em São Paulo; no dia 3 de junho no Teatro Castro Alves, em Salvador; no dia 5 de junho no Teatro Guaíra, em Curitiba; e nos dias 6 e 7 de junho no Porto Alegre Bourbon, em Porto Alegre.
Por aqui eles apresentam “Lanterna Mágica” (2008), de Michael Tracy em colaboração com Andrew Herro; “Pseudopodia” (1973), de Jonathan Wolken; “Rushes” (2007), de Inbal Pinto, Avshalom Pollak e Robby Barnett; “Symbiosis”, de Michael Tracy com a colaboração de Otis Cook e Renée Jaworski; e “Megawatt” (2004), de Jonathan Wolken.
Fundada por Moses Pendleton — que mais tarde criou o Momix — e Jonatham Wolken, o Pilobolus foi o primeiro grupo moderno a juntar à dança técnicas de força física, improvisação cênica e muitos efeitos visuais e de luz, apresentando ao público coreografias abstratas muito diferentes dos então padrões tradicionais da dança. Em 2007, tiveram uma de suas maiores consagrações: foram convidados para se apresentar na cerimônia do Oscar, vista por mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, apresentando os filmes indicados ao prêmio principal.
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HISTÓRIA— Pilobolus, o organismo artístico, germinou no solo fértil de uma sala de aula no Dartmouth College, em 1971. O que emergiu foi um processo coreográfico colaborativo e um enfoque único de compartilhamento em uma parceria, que deu à jovem companhia um novo conjunto de habilidades não-tradicionais mais poderosas para criar coreografias. O grupo foi logo aclamado por sua surpreendente mistura de humor e invenção. O grupo está dividido em três ramos principais de atividade: Pilobolus Dance Theatre, uma companhia itinerante integrada por sete pessoas; o Pilobolus Institute, um guarda-chuva para toda a programação educacional; e o Pilobolus Creative Services, uma estrutura administrativa que permite coordenar atividade criativa tanto com as organizações comerciais quanto artísticas fora da companhia.
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PARA VER —Pilobolus, em São Paulo. As apresentações acontecem na Via Funchal (rua Funchal, 65), nos dias 30 de maio, às 21h, e no dia 31 de maio, de às 20h. Os ingressos custam entre R$ 40 e R$ 150. Datas, local, horários e valores foram enviados pelos organizadores. Mais informações: pilobolus.org.

A vez do Jazz Dance


Marcela Benvegnu

Faltam poucas horas para o início do 1º Congresso de Jazz Dance no Brasil. O coração de alguns bate mais forte, a unha de outros nem existe mais. Muitos já deixaram as suas casas, estão na estrada, no avião, outros ainda afivelam as malas para mergulharem no fantástico universo dessa arte esquecida. E foi para elevá-la a um lugar de destaque no cenário da dança mundial que este congresso foi criado. A maratona começa amanhã e vai até terça-feira, dia 21, em Indaiatuba.
Se te deu vontade de participar, prepara-se para o ano que vem porque as inscrições estão esgotadas desde o final do mês de março. O evento recebe bailarinos de diversos Estados e cidades, com destaque para Belém, Goiânia, Rio de Janeiro, Florianópolis, Uberlândia, Uberaba, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, e outros. Os mais de 140 alunos tiveram que ser divididos em duas turmas, a Turma A — Joyce Kermann, e Turma B — Lane Dale — para um melhor aproveitamento das aulas
Os nomes das turmas são uma homenagem a grandes representantes do jazz dance no Brasil e no mundo. Joyce teve uma das primeiras companhias profissionais de jazz dance no país, e Dale foi o primeiro coreógrafo de um trabalho de jazz, que se conheceu aqui, ao lado de Jojo Smith, no conhecido “The Brazil Export Show”.
Esta primeira edição do congresso traz ao país a bailarina e coreógrafa Sue Samuels, que integrou o “The Brazil Export Show” e é co-fundadora da Jo Jo’s Dance Factory, em Nova York — leia-se a companhia de Jojo Smith — que posteriormente se tornou a Broadway Dance Center, onde atua até hoje. A coreógrafa e diretora do departamento de jazz e programa de jazz para crianças no Fort Lauderdale Ballet, na Flórida. Ainda no cast dos internacionais está Rose Calheiros, brasileira, radicada na Alemanha há mais de 20 anos. A coreógrafa protagonizou espetáculos como “Chorus Line”, “West Side Story”, “Cabaret” e outros. Sem contar que coreografou “Anything Goes”, “Crazy for You”, “Evita”, e “Drácula”.
Entre os brasileiros está Caio Nunes, coreógrafo de grandes musicais e de diversos trabalhos para televisão, como “Se Eu Fosse Você 2”; a coreógrafa Christiane Matallo, que embarca na semana que vem para Sttutgart, na Alemanha, para participar do Tap Reloaded; a diretora residente do Galpão 1 Academia, de Indaiatuba, Érika Novachi, que é professora e coreógrafa de lyrical jazz desde 1995; a difusora de cultura negra Cinthia Vilas Boas, e outros. As inscrições para as aulas que acontecem durante os quatro dias do evento estão esgotadas.
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PARALELO — Amanhã a primeira atividade paralela do 1º Congresso Internacional de Jazz Dance é uma palestra sobre história do jazz dance, às 18h, no Centro de Convenções Aydil Pinesi Bonachela (rua das Primaveras, 210). Mas é no domingo que o público terá a chance de saber e ver mais sobre esta arte. Às 20h, no Centro Integrado de Apoio à Educação de Indaiatuba (Ciaei — avenida Engenheiro Fábio Roberto Barnabé, 3.665), acontecerá a Mostra Comentada. Na ocasião, grupos de jazz dance apresentam seus trabalhos para professores e convidados e depois ouvem seus comentários. A entrada é gratuita e a abertura e encerramento da noite fica a cargo do Galpão 1.
Na segunda-feira, dia 20, a última atividade paralela é uma mesa-redonda — Os Caminhos do Jazz Dance: O Musical que Compete com Jazz, que (quase?) vira dança contemporânea que (quase) não se entende mais nada. E agora? — às 18h, no Centro de Convenções Aydil Pinesi Bonachela. A entrada é gratuita. Mais informações www.congressodejazzdance.blogspot.com.br

terça-feira, 14 de abril de 2009

No emBallo de Gnawa

crédito: João Caldas


Marcela Benvegnu

A estréia das duas novas coreografias da São Paulo Companhia de Dança (SPCD) — “Gnawa” (2005), de Nacho Duato (1957), e “Ballo” (2009), de Ricardo Scheir (1961) — aconteceram no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, nas últimas semanas. Apresentadas separadamente com outros dois trabalhos, — “Serenade”, de George Balanchine, e “Les Noces” (1923), de Bronislava Nijinska (1891-1972) — que já integravam o repertório da companhia, a SPCD mostra em pouco tempo de existência grandes produções, assinadas por importantes nomes da dança.

Na primeira semana foi a vez da estréia de “Gnawa”, de Duato — diretor da Compañía Nacional de Danza, da Espanha. De origem sub-saariana, os gnawa — uma confraria mística muçulmana do norte da África — incorporam cantos às suas práticas espirituais, e Duato adota como base do trabalho, canções dessa comunidade. Os corpos brasileiros são felizes no encontro da técnica de Duato, reforçada pelos movimentos de tronco. Se o trabalho não tem um compromisso político e é basicamente uma homenagem ao povo, como afirma o coreógrafo, deve ser encarada como tal. O elenco afinado traduz bem a mobilidade do coreógrafo e se mostra versátil em meio a tanto idiomas de corpo que a SPCD encara em seu primeiro ano.

A segunda estréia ficou por conta de “Ballo”, de Scheir — professor e ensaiador da companhia — com música espetacular de André Mehmari (1977), inspirada no tema de “Ballo Delle Ingrate” (“Baile das Ingratas”), do compositor italiano Claudio Monteverdi (1567-1643). O jogo de sombras proposto nas cenas iniciais, assim como os diferentes corpos, são um convite à reflexão ao tema principal: a punição das mulheres que não se entregaram ao amor. O contraste de figurinos e perucas chama atenção e se revela forte perante o espectador. Esse lado andrógino da dança, que chega até a desconfigurar figuras imaginadas — como Vênus ou mesmo Plutão — é convidativo. Faz com que se queira mais.

E “Ballo” traz mais. A gramática corporal do trabalho de Scheir é evidente. Ele é feliz quando usa no corpo dos bailarinos o seu próprio repertório de possibilidades, haja visto que Yoshi Suzuki — formado pelo coreógrafo — transita com facilidade pela coreografia. A dramaturgia é boa, pensada e bem encarnada no personagem de corpo forte da argentina Irupé Sarmiento (Ariadne). Mas em meio a uma boa coreografia (que no ano que vem estará melhor), bons figurinos, cenários e luz que dialogam, está a grande diva de “Ballo”: a música. Sem ela, a coreografia perderia todo o brilhantismo.

Formada por 16 pequenos movimentos organizados em três partes, a composição trabalha de forma perfeita o deslocamento de padrões rítmicos e melódicos e reverencia gênios da música como Reich, Bartók, e Shostakovich. Em algumas partes é possível ouvir o cravo mesclado com as cordas barrocas superpostas às modernas, em outras, o cravo e o piano são mediados pelo violino barroco e pela moderna orquestra de cordas. A proposta do músico é estabelecer o diálogo entre o novo e o antigo, e isso é refletido diretamente na coreografia de Scheir, que comprova que o corpo não tem nada de ingrato.
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REPERTÓRIO — Depois de alguns meses da estréia de “Les Noces” (1924), o corpo dos bailarinos da SPCD já responde à montagem de forma diferente. O difícil trabalho de pés — paralelo, para fora, esticado ou em flex (dobrado) — e mãos — punhos dobrados ou mãos esticadas — chama atenção pela limpeza. Raramente executada por uma companhia de dança profissional, com fortes características alemãs, a peça é dividida em quatro movimentos. A remontagem é assinada por Maria Palmeirim (1948).

Também na dobradinha estava “Serenade” (1935). Na remontagem de Ben Huys (1967) — atual ensaiador da The George Balanchine Trust — os corpos sinuosos da primeira versão se derreteram em formas longelíneas. As execuções fora do eixo, as torções de movimento, assim como os grandes saltos foram bem executados. Entretanto, os braços em quinta posição, muito usados no trabalho, requerem ajustes com este elenco. Uns estão muito fechados, outros muito abertos e confundem a figura coreográfica do espectador e conseqüentemente uma das maiores marcas do estilo balanchiano.

“Variacions Al-leluia" no TD


Marcela Benvegnu

A companhia espanhola Lanònima Imperial — fundada em 1986, em Barcelona — aterrissa no Brasil este final de semana para se apresentar no tradicional TD — Teatro de Dança, em São Paulo. A peça escolhida foi “Variacions Al-leluia”, que sobe ao palco do espaço nos dias 8 e 9 de abril, às 21h. O grupo vem ao país como convidado pelo Centro Cultural da Espanha em São Paulo, da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.
Sob direção de Juan Carlos García, o Lanònima Imperial — que já se apresentou em mais de 25 países e três continentes — apresenta um espetáculo de dança contemporânea em que o movimento, combinado a uma dramaturgia simples, cria cenas lúdicas como se fossem brincadeiras de criança, que falam sobre a presença de seres terríveis e temerosos. Porém, essas criaturas são apenas pretextos para criar situações de movimento descentrado, rápido, ágil e sinuoso, acompanhados pela cantora e guitarrista Mürfila, uma personagem doce e perversa.
A obra se desenrola repleta de atmosferas em claro-escuro, de folguedos de crianças que lembram os contos de terror e mistério. Um objeto inflável, branco, com volume e leveza, sugere que os bailarinos se tornaram anjos caídos e evoca a presença de monstros terríveis, gerando medo e ansiedade. “Terrores, horrores, pesadelos, angústias, espantos, violências, pavores e sustos. Não há nada mais atraente quando você sabe brincar com isso”, fala o coreógrafo.
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COMPANHIA — A Lanònima Imperial é uma companhia que transita bem entre os grupos internacionais. As peças da companhia foram co-produzidas por renomados festivais, teatros e centros de criação europeus, como o Vooruit Centre de Gent, na Bélgica; o Theater im Pfalzbau, de Ludwigshaten, na Alemanha; o Holland Dance Festival, de Amsterdã; o Festival Oriente-Occidente, na Itália; e outros. Entre seus últimos trabalhos destacam-se “Liturgia de Sonho e Fogo” (2000), baseada no mito de Prometeu; “Scala 1: Infinito” (2002), de inspiração futurista; “Orfeo” (2003) e “Orfeo Concert” (2004), baseado no mito órfico, o infantil “O Mar de Formas” (2005), e “Na Noite Ferida pelo Raio” (2006).
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COREÓGRAFO — Juan Carlos García desenvolveu sua carreira entre o Institut del Teatre de Barcelona, o Centre National de Danse Contemporaine d’Angers, na França, sob a direção de Viola Farber, e Nova York, onde estudou com diferentes professores de dança clássica e moderna. Além de seu trabalho na companhia, criou coreografias para importantes grupos como o Ballet de Saragoça, a Komischen Oper de Berlim, o Maggio Danza Fiorentino, a Deutsches Oper, o Dresdner Musikfestspiele, o Ballet Gulbenkian, e recentemente para o Diversions Dance Company. Suas peças foram incorporadas aos repertórios de companhias estrangeiras, como no caso do grupo de Gregor Seyttert com uma versão de Landschaft mit Schaten, peça estreada pela Komischen Oper, ou a Itzi Galili Dance Company, com “Eco de Silêncio”.

Thank you, Dance!

by Judy Smith "