Marcela Benvegnu
marcela@jpjornal.com.br
O russo Vladimir Vasiliev, conhecido como o melhor bailarino do mundo – título concedido pela Academia de Dança de Paris – e bailarino do século pela Unesco, esteve no Brasil esta semana para remontar o balé “Dom Quixote” para os alunos da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil (ETBB). Diretor artístico, coreógrafo, ex-primeiro solista do Balé Bolshoi, Vasiliev é um dos patronos-fundadores da ETBB e um dos maiores nomes da dança clássica no mundo.
O russo Vladimir Vasiliev, conhecido como o melhor bailarino do mundo – título concedido pela Academia de Dança de Paris – e bailarino do século pela Unesco, esteve no Brasil esta semana para remontar o balé “Dom Quixote” para os alunos da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil (ETBB). Diretor artístico, coreógrafo, ex-primeiro solista do Balé Bolshoi, Vasiliev é um dos patronos-fundadores da ETBB e um dos maiores nomes da dança clássica no mundo.
Poucos ficaram sabendo da vinda do russo ao Brasil. A mídia de Joinville, onde está sediada a escola do Bolshoi, noticiou o fato e o Jornal de Piracicaba foi o único veículo do Estado de São Paulo para quem o bailarino concedeu uma entrevista. A reportagem comemora o primeiro aniversário da coluna Tudo É Dança, publicada às sextas-feiras no caderno Fim de Semana do JP. Confira os melhores trechos.
Jornal de Piracicaba – Não é a primeira vez que o senhor vem ao Brasil para remontar um balé para a ETBB. Quais as suas expectativas para “Dom Quixote”?
Vladimir Vasiliev – A estréia será em Joinville, no dia 8 de dezembro deste ano. Não estou montando o balé todo, apenas uma suíte (pequenas partes do repertório) que inclui as maiores e melhores cenas do balé. Antes de remontar “O Quebra-Nozes” no ano passado, estava claro para mim que deveríamos remontar “Dom Quixote”, que é um balé muito marcante, tanto para os solistas quanto para os modestos artistas do corpo de baile, que têm uma função importante em cena. O balé é clássico, demi-caráter e folclórico e o aluno não precisa somente mostrar a sua técnica, mas o seu talento como artista.
JP – Como é trabalhar com jovens hoje?
Vasiliev – É como trabalhar com primeiros bailarinos. Eles me dão prazer e eu consigo ver o interesse deles nos olhos e em cada movimento que fazem. É a resposta ao que lhes dou. Aqui na escola (ETBB) eu sempre os vejo entusiasmados. Para essa apresentação os alunos e professores precisam trabalhar muito para mostrar sua técnica. Não existe só um solista, mas cada um é importante para que o espetáculo aconteça.
JP – Existe uma diferença entre a linguagem do corpo russo e do brasileiro. Para recebermos a técnica russa – método de Vaganova – temos mais dificuldade?
Vasiliev – Sempre sou questionado sobre as peculiaridades do corpo do bailarino clássico brasileiro, talvez seja só uma diferença, que pessoalmente eu não vejo razão para se preocupar. O único problema que tanto a Rússia e o Brasil ou qualquer outro país do mundo tem, é que o físico do bailarino tem que ser bom e isso inclui uma boa escola. Ele também precisa ter linhas bonitas, alongamento, saltos, delicadeza, musicalidade e expressividade e não vejo porque essas qualidades não possam ser encontradas em qualquer parte do mundo. Dificuldades e imperfeições acompanharão bailarinos de todo o mundo sempre.
JP – Sobre a ETBB, o senhor acha que a maioria dos alunos irá seguir uma carreira profissional?
Vasiliev – A prática e a experiência me mostram que somente uma parte dos bailarinos clássicos se tornam profissionais. Depois da graduação na escola de balé de Moscou, por exemplo, somente alguns alunos são aceitos no Bolshoi; outros vão para pequenas companhias populares, modernas ou de dança contemporânea e outros desistem da profissão. A graduação na ETBB pode ser tornar a pequena base de uma futura companhia de balé. Acho que nem todos se tornarão profissionais, mas tenho certeza de eles serão gratos a vida toda por terem se graduado na escola.
JP – O que o palco significa na sua vida?
Vasiliev – Eu vivi o palco por quase 50 anos, portanto o balé é a minha vida. O palco é sobre mim, é meu espelho.
JP – Quais os seus balés favoritos como intérprete?
Vasiliev – Não tenho favoritos. A única coisa que posso dizer é que cada um me toca de uma forma diferente, seja no drama, na pintura, na música, na coreografia. Somente sua forma mais pura e orgânica é capaz de me tocar e ir fundo no meu coração. Quando gosto de algo, e esse algo me toca, a dança me chama atenção, caso contrário, não entram na minha alma.
JP – O senhor pode mensurar o que significa para os bailarinos no Brasil e no mundo?
Vasiliev – Nunca pensei nisso, mas sempre me lembro da responsabilidade que tenho que passar para as gerações. Estou em débito com os meus professores e outras pessoas que me ensinaram a ser quem sou hoje. Todo o meu conhecimento acumulado hoje é reflexo dos meus melhores antecessores.
JP – Qual a mensagem que você deixa aos bailarinos brasileiros?
Vasiliev – Na parede de entrada da ETBB deixei uma mensagem aos estudantes há sete anos, quando a escola foi inaugurada. Gostaria de deixá-la à todos os bailarinos: “Nunca pare o que você planejou. Trabalhe mais e projete o topo, que sua ascensão será infinita”.
2 comentários:
Marcela
Adorei a entrevista que fez com Vasiliev, considerando que ele é um dos mais atuantes no mundo da dança atual e tem raizes com mestres que não podemos esquecer jamais os ensinamentos!
Parabéns, é muito legal trazer isso pra nós!
Beijos
Ana
Da-lhe Vasiliev , esse cara e meu tio avo , o irmao dele , meu avo , se chamava (ja morreu infelizmente) Anatoly Wassiljew(Vasiliev) e seu pai Nicolai Wassiljew (Vasiliev)
eu nome e Igor Wassiljew (Vasiliev) Moia
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